quarta-feira, 1 de junho de 2011

Crianças do campo estão longe da escola

QUADRO

Somente 20% dos pequenos de 4 a 6 anos estudam na zona rural

As condições precárias de infraestrutura das escolas, os baixos salários dos professores e o baixo investimento na educação são alguns dos motivos que estão contribuindo para o aumento no número de estudantes matriculados na Educação de Jovens e Adultos (EJA), principalmente na zona rural. A avaliação foi feita ontem pelo coordenador do Fórum Paraense de Educação do Campo, Salomão Hage, durante o I Seminário Estadual de Gestão Pedagógica, do Programa ProJovem Campo - Saberes da Terra, que termina hoje, em Belém, destinado a gestores, professores e secretários de Educação dos 28 municípios que fazem parte do programa. Segundo Salomão Hage, somente 20% das crianças de 4 a 6 anos que moram no meio rural estudam.

Para ele, a situação é mais grave quando é discutido o ensino fundamental. "As turmas de 1ª a 5ª séries no campo são multisseriadas, o que dificulta o aprendizado. Esse processo de exclusão começa na escola", afirma o educador. Ele acrescenta que de cada dois estudantes que terminam a primeira parte do ensino fundamental, apenas um continua nas séries finais (de 6ª a 8ª). Já a cada seis que terminam o ensino fundamental, só um continua na escola para fazer o ensino médio. "Por isso que o número de inscritos na Educação para Jovens e Adultos está aumentando", completa.

As turmas de 1ª a 5ª séries são multisseriadas, o que dificulta o aprendizado

Salomão Hage lembra que o antigo Programa Nacional de Educação previa que até 2011 pelo menos 12 milhões de jovens brasileiros deveriam estar participando da EJA. "Mas as dificuldades são muitas. Uma delas é a precariedade do ensino", observa. Para mudar a realidade, opina ele, é necessário que a população participe, discutindo e cobrando, do governo, mudanças. Ele explica que não adianta um novo plano de educação se não houver mais investimento nesta área. Segundo o educador, 4,5% do Produto Interno Bruto são investidos na educação, mas "o certo seria 10% do PIB. Isso deve ser cobrado para o próximo Plano Nacional de Educação".
fonte: O Liberal,31/05/2011

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